domingo, 23 de novembro de 2008

An(seios)

Escreveu o nome dela dez vezes no papel de cor fúnebre e desbotado.
Caprichou nas frases que deixasse claro que seu nome era indiscutível.
Manchou...

Ao lado da mesa que já estava velha por conta das traças e marcas do tempo,
havia uma garrafa de cor transparente com um líquido que inalava pela casa um cheiro agradável ao olfato.
Abriu de forma brusca e banhou o papel.

O seu nome parecia desmanchar de forma gradual, tornado-se uniforme até sumir...

Uma sensação que estava enterrando, mesmo que metaforicamente, a amada. O seu nome e suas formas.
Pensava...

Como é bom morrer no mar profano de sua carne, dos seus lábios gosto de uva e de sua pele cheirando acácias, do seu corpo... Não, aliás de seu corpo a reparação de quem não quer mais ser iludido pelas suas manhas em meu colo.

Com o pouco de vinho que restava na garrafa brindou o seu olhar, que era alucinógeno e devorador ao ponto de escrever o nome dela outra vez. Agora, em um lençol vermelho.


sexta-feira, 31 de outubro de 2008

É uma poesia pálida,
almática,
reduzida.
Três copos de gelo.
Um falar frio,
calculista,
amorfo,
fechado.
Um lugar não comum,
não azul,
nem pueril.
ZerO.
Estação não ardente,
nem colorida.
Frio é o seu olhar, tão congelado quanto o seu coração.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Deslizava suas pernas pelos espaços nulos do lençol.
Naquele dia não era quente como de costume e os graus dos corpos não chegavam numa temperatura sufocante.
Era lamentável!
Seu rosto,numa aflição contínua ,transpirava a saudade.
Transbordava prazeres...
Era só ela, o lençol, e suas curvas.
Curvas estas saboreada pelos lábios carnudos e rosados dele.
És o que ele deixastes!
Se, ao menos no toque sádico largasse suas roupas íntimas ou cheiro nos arredores da casa,
certamente provacaria nela aquilo que chamastes de "dor".

sábado, 23 de agosto de 2008




O toque do polegar com o vazio que deixastes, não fora possível o suicídio da lembrança.
Ela que nas noites taciturna invadia o travesseiro e causava o desespero agudo.


Poderia desse modo cuspir o soluço ou soltar gotas, mas certamente seria pouco, limitaria.
Tocava com alegria suas mãos no cobertor. Cheirava-o em busca do suor posto pela ânsia de se estar presente. De se possuir o calor e o contato.


Mas não tinha, foi levado pelo vento ou pelas estações.

Continuava a cavar o polegar, afundava para resgatar do tempo. Sua mão perdia-se. O seu olhar já cansado de esperar, se fechou lentamente na espera de reencontrá-lo no sonho.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olhar de vidro





Vultos salpitaram do meu olhar.


Ele que já não mais brilhava,sorriu de dor.


O branco da soma de desejos


pingou e jogou contra mim o beijo.


(Me) abraçou.


O meu olhar percorreu o escuro gosto dele e bebeu de sua nuca.


Fina,bem feita e suave.


Vulto de palavra voaram ,devorando-lhe.


Gritamos.


Toques de pés pesados,safados,vadios.


Ele roubou o meu intímo


e jogou em mim o óbvio,


que ele chamava de amor.
Cortes na maçã,
incisão nas...
abaixei,
incarcei em mim o proibido,
gosto do libido
vinhos bebidos,
corpos lidos,cortes profundo.
Cravei em mim,o nú.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Teve a -sensação-.
Mas como toda a sensação,exposta ficou.
Seduzio o íntimo
S e n s o...
[Teve],mas não a posse.
O vento passou o levou o libido,
bebeu do líquido,
deserdou o seu nú.
Sensação sua.Senso comum.
Permanecendo por um frime,
o fingimento de quem olha.





Virava tatuagem no mármore desbotado.
A marca do pequeno orifício do cigarro provocava uma perfuração significante.
O mármore fumava.
As pisadas ouvidas eram aceleradas a cada dança do relógio.
Tivera a sensação que aqueles passos, firmes, poderia ser dele.
Olhava o mármore ,a marca ,a dor.
O que fora violado,
lembrava de sí.
Dos portas
[retratos]
quebrados,
des[amados],
passageiros.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Não quero, não vou, não posso falar de amor.
Dorme,engasga,grita.
Já não sei falar de dor.
Jogo ao vento,
Ao léu,
Não cubra com véu essa dor.
Não culpe,
Cuspa-me.
Não sei falar de amor,
Não sei sonhar,
Não sei pensar em...
Transitivos!
Cicuta dos amantes.
Eu sei,
Que negarei ao tempo e a dolorosa ausência dos seus pés junto aos meus livros.
Casamento de pêlos.
Hoje, apenas a fumaça.

terça-feira, 3 de junho de 2008

The Secret Temple pt 4

O choque do vermelho com os lindos olhos grandes, era acidez.
As pálpebras batidas juntamente com os lábios, entre abertos, não causavam no padre Sentys Simmer somente desejos, causavam dores. Em cada tentativa de aproximação, uma vontade exacerbada de lambê-la. Ela com toda a vivência percebeu o tom de interesse no fôlego dele. Riu pelo canto da boca recuando para trás do confessionário.
Os seus passos eram ouvidos sequencialmente. No salto, a sua elegância era desenhada através da cova do vestido, a nudez da cintura. Sentys Simmer a seguiu rapidamente sendo despistado por vultos. A dama deixava no caminho suas marcas, suas fases...
Primeiro a calcinha de lingerie preta,
depois o sutiã. Ele cheirava...
No vão escuro da sacristia estava ela entreaberta. Sua panturrilha e seus tornozelos eram excessivamente arredondados, chamava-o.
Nu e hipnotizado pelas curvas, já não sabia o que lhe esperava. Ele nunca mais iria saber novamente.
O corpo ao chão falou mais forte.

sábado, 31 de maio de 2008

É bom quando vem as incertezas.
É bom quando elas vem.
Distância...
Ele só não se aproximou delas
porque viu que amava demais.

The Secret Temple pt 3

Ela cheirava...
Ela deixava um cheiro.
Ele não sabia de quê. Não era de jambo.
Talvez cheirasse a outono, ao quarto fechado. A pele interrada na pele.
Seu rosto era fino, era liso,
é.
A sua boca não queria apenas o masco do cigarro.
A sua boca pedira o beijo,
O seco,
O louco.
Ela era do tipo de mulher que vivia do pecado, fazia pelo pecado, mataria só para sentir que estava pecando.
Ele
também!!!

quinta-feira, 29 de maio de 2008


Hoje lembro dele quando me vejo em seus textos.

-A pestinha


Essa explosão
de estar, sendo, enquanto uns chamam de louco, ele chama de piralhisse. Penso que esse neologismo não pode ser julgado no imperativo. Parece que é livre, por isso singular.
Essas explosões de estar, sendo, só os homens mágicos podem achar o verdadeiro encanto, ainda que torto e escondido.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Na parede empresou a mão.
Encarcou em si,
Marcou.
Palmas da vida,
Suas mãos, as palmas.
Encravou nela o medo,
O cedo,
E durou.
Interrou nela a vida.
Foi lá.
Levou de tudo na parede amorfa.
Gelada, parada.
Jogou contra si,
Jogou-se.
Não,
Não socorra,
Ela parou.
Paralítica, sem fala.

The Secret Temple pt 2


Ele que tinha uma aparência conservado viu-se diante da perdição.
Do batom vermelho, o sangue, o vinho, a libido.
Da boca entre aberta, a sua.
Do chapéu que cobria o cabelo, o instrumento.
Sabia que era pecaminoso deseja-la.
Só que o seu passado permitia.
No
Dylan Hotel, na Irlanda, passou a maior noite de sua vida.
A puta da esquina Haddington Rd o saciou,
transfigurou a batina.
Os pecados eram desejados.
Os toques, a língua,
roupas no chão.
Padre Sentys Simmer gritava de dor.
Dor de liberdade.
O seu pé deslizava sobre o de Julialle Dhoplac,
Uma viciada em heroína de 23 anos, pertencente a uma família nobre.

The Secret Temple pt 1


Seguia os passos lentos...
O som do salto na igreja, aguçava-o.
Coberta por um vestido de cetim na cor néon, o seu corpo era desenhado.
Ao se aproximar do confessionário deixava a sombra dos seus traços finos,

realçado por um batom vermelho.

O padre Sentys Simmer, mesmo com toda a sua abadia, alterava-se ao fixar o seu olhar na boca carnuda da jovem, nos seus seios firmes e pequenos.
Ele sem conseguir desviar-se do pecado,
desejava chupá-la.

O sopro

Pegarei hoje o meu café, preto, amargo, viciante, quente, e jogarei...
Na lua,
Na sua,
Na minha, meu, seu, no todo.
No nada.
Se a porta não tem feche, como trancarei o vôo que deu?
O sopro que me engasgou?
O torto.
Andas inquieto...
O café fala...
Arde,esquenta,escurece.
Solta do abismo que puxa para agir,
Não reza o terço,
Credo não crê,
Crê enfim,
Que um dia poderá fingir.
E assim calar a verdadeira dor.
Ela é o inconstante,
Amorfo,
O fechado.
A rosa vermelha é tão linda quando enterrada em seu peito.
Sua lira nem mais toca
sem notas.
Suas palavras perdidas.
Palavras insanas,
sujas,
deformadas.
Se o seu semblante não deseja, quanto mais a mão.
Madrugada sua, o encontro.
Do eu consigo,completo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008




Uma maçã mordida,
uma mão masculina,
um olhar,
um não negar.
Uma fala interrompida,
uma saliva a dois
um canto no quarto,
um andar aguçado,
Uma noite...
Eres um fantasma do desejo,
sonho freudiano.
Eres uma criança cabisbaixa,
sem amor,
sem calor,
sem pulsar.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Lembrei de você!




Não posso nem se quer medir-me,
não sei até onde vão meus gostos fúteis,
minhas vontades, meus desejos.
Solto lágrimas,
por fantasmas que mim prenderam e me prenderão
por razões que desconheço.
Não sei do mundo.
Quero o tempo sem medida.
Quero o que nao sou.
Sofro pelo que sou.
Gosto do distante,
do que não tenho,
ou do que ja morreu.
Não sei de mim, eu novamente sei.
Não sei como recortar esse personagem.
Não sei da vida.
De um gostar apenas do sorrir do outro.
E que se foi sem permitir conhecê-lo.
Se anulou por uma causa não divulgada,
insosso n'alma .
ps:Léo Brandão

terça-feira, 22 de abril de 2008

Não vou celebrar mais o acabado,o imundo,o cruel.
Não vou celebrar você,
a maçã,
a roupa limpa.
Não quero palavras lindas.
Não quero mais o dito.
Não sei o que já desejei.
Não sei o meu gostar.
Ele se Transfigura...
Não sei o meu pensar, ele se dissolve.
Se ser disjunto é ser total.
Se ser total é ser faltante, devolva minha metade.
Se sua boca não é minha fonte. O que resta do alimento?
Se não mais tenho,
se nem mais tinha,
Não sei de mim.
Não olho em mim.
Deformo no espelho que você enverga.
Não sei se ser côncavo ou convexo é minha solução.

terça-feira, 15 de abril de 2008


Era de madrugada.

O céu ainda estava nu com suas ruas pálidas.

Eram quatro da madrugada e uma luz tipo fotolito na esquina à direita.

Eram quatro da madrugada e um frio dominante que provocava arrepio.

Eram quatro da madrugada e ali estava meus pés descalços,

sujos, talvez da poeira de suas palavras.

Eram quatro da madrugada e um chiado agudo,

um grito fulminante que matou o último visionário.

Eram quatro ponteiros parados no relógio da antiga prateleira.

Eram quatro vidas registradas na minha cabeceira.

Eram quatro sopros de LUXÚRIA que desejei por ti!

De certo!


De certo que era linda!

Seus seios pontudos, redondo, pequenos, eram desenhados na palma da mão dele

De certo que era pálida,

faltavam glóbulos de coragem, de liberdade, de vontade em sua vida.

De certo que era anônima,

Esquecida,

Paralítica,

Comum.

De certo que todos as tinham,

por um único cigarro.

De certo que não tinha quase nada.

Foi roubada a sua infância,

foi roubada a sua felicidade,

foram roubados os seus sonhos.

De certo que suas pernas, entreabertas, já não causavam tanta dor.

De certo que esse era seu percurso,

no vão escuro, o contato.

o acordo,

o que já foi pago.

Não importava se para ela já era mercadoria sem código de barra.

Não importa se todos que as procuravam

só queriam sua carne quente,

sua boca que já perdera a cor,

sua mão que não sabe mais o que é o amor.

sábado, 12 de abril de 2008

EGO!


Sou anfitrião do passado.

Sou uma pólvora,

o ar,

a água.

O nada.

Sou o medo,

Vivo do medo,

Da noite,

Dos dois;

Sou Narciso,

Divida seu espelho!

Verdades.

E jogada pelo vento

Traças me devoram.

Escondo-me no meu passado negro.

Nego aos céticos, religiosos.

E jogado contra o vento,

Sou ainda louca,

Insana nas minhas liturgias.

Desejos sexuais.

Nos meus ideais de “belo”.

E jogado nas nuvens

Não penso no leve,

No puro e no branco.

Quero pinceis.

Desordem,

Sopa de letras.

E jogada contra mim?

Só assim posso mim encontrar,

E então poderei chorar

Desestruturas e desabafos.



Interno


Só um pó.

Só uma voz.

Só uma vez.

Desagrego-me,

interrompe,

divide.

Intimida-me,

ensina-me,

não me tem.

Não sou nada,

não sou sua,

nem pertenço a mim.

Sou só carne,

podre, não mais vigente.

Não sinto odor,

o calor dos seus pés.

Não me sustento.

Equilibro-me no cruel pensamento que me invade.

Inteiro

Tendes a falar ao vento quase sempre sem razões implacáveis.

A realizar lições sem destinar interesses.

Tendes amar a mim sem perguntar o que ganhastes

Tendes a ser diferente sem usar dos esforços.

Tendes a sonhar em meio de neblinas.

Como pode incompleto de carícias, deslizar sobre minha pele sem pedir um vão de prazer?

Fechastes os olhos enquanto o outro choras sua presença.Sorrir enquanto o mundo fecha suas fantasias.Não se escondes em nuvens de ilusões e desilusões.

Quanta saliva resiste a secura de um outro alguém que usastes para esquecer o fantasma do passado?

Mereceis tronos e ninfas a sua volta. Digno de PANTEÕES e orquestras. Beijos e mordidas.Pegas e noite de tesão que o delire.

Mereceis todos os homens e mulheres. Afrodisíaco e fantasias.

UMA CAMA REDONDA...

Não me merece. Nem a esfinge que te rodeia. A casa e as cartas. Não ao comum e aos poucos vinhos.

Fartura sempre para alguém que renuncia a alma por um sorriso. A vida por um abraço.